A Cruz Proibida
Uma bela e interessante reflexão do Pastor Lucas André Albrecht sobre a decisão do legislativo de retirar as cruzes de repartições públicas aqui no estado do RS. Leia e confira!!!
Curiosa, para dizer o mínimo, essa decisão da Justiça do RS em tirar os crucifixos de algumas repartições públicas, acatando pedido de uma minoria fundamentalista (a julgar pelo uso que se faz deste termo contra cristãos e outros grupos, parece que aqui se encaixa também). O que mais preocupa não é o fato em si, que poderia ser considerado pequeno, mas pela ideologia subjacente e pelo que prenuncia. E, é claro, o gritante descaso com a história e a cultura brasileira.
Preocupa também que a perseguição aos cristãos, em alguns países já aberta e violenta, começa a chegar também ao nosso. E ficamos nos perguntando, qual seria o próximo passo em nome do 'estado laico'? Mudar o nome das cidades com referências cristãs? Fechar o Hospital Santa Rita? Tirar a estátua da deusa Têmis da frente do Palácio de Justiça do RS? Impedir que o encontro de duas ruas seja chamado de “cruzamento” ou “encruzilhada”?
Mesmo assim, percebe-se, nesta história, um grande aspecto positivo: o significante ainda possui seu significado.
Contrariando a lógica anti-logocêntrica, onde se constrói o significado a partir do significante e não o contrário, concluímos que a cruz e seu significado continuam bem claros e vívidos. Do contrário, em vez de retirada, ela poderia ter sido apenas ressignificada. Aquele homem de braços abertos poderia representar o trabalhador sofrido na luta contra o monstro do capitalismo. Ou então o que se sente discriminado em sua luta, até mesmo sendo ‘crucificado” para impor sua vontade pela lei, uma espécie de ditadura da minoria. E outras polissemias. Apesar de haver distorções - pois alguns vêem a religião cristã apenas como um conjunto de leis morais -, a cruz, o significante, continua ancorada em seu significado cristão e em princípios que permanecem imutáveis.
Jesus Cristo já nos preveniu de que precisaríamos tomar nossa cruz para o seguir. Portanto, a cruz é retirada das paredes, mas permanece sobre nossos ombros. Apesar de que, para quem tem fé, ela não parece tão pesada assim. Ao contrário, é carregada com a alegria de poder viver amparado por um Salvador cujos princípios são pioneiros na luta por igualdade, justiça, respeito, ainda que na prática existam erros. O fato é que os cristãos seguem firmes, enfrentando as milícias legalistas da "cristianofobia" com o que Jesus mais pregou: tolerância, amor e firmeza no que se crê.
Pois os significantes até podem ser retirados da parede. Mas o significado, este sempre permanecerá na vida. E no coração.
Pastor Lucas André Albrecht
Capelão geral da Universidade Luterana do Brasil – ULBRA
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